Foi no âmbito das comemorações que têm decorrido ao longo deste ano que o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Glória do Ribatejo levou a efeito mais um programa no passado dia 2 de julho – 41º Festival de Folclore de Glória do Ribatejo.

Como sempre, a iniciativa foi preparada com muita antecedência, atendendo aos vários fatores que conduzem a um espetáculo de que o público não arreda pé. Desde a qualidade do som, à luz, ao espaço envolvente, ao palco, verificou-se “in loco” a preocupação e o investimento realizados. Com as melhores condições de visibilidade e de conforto, o público (numeroso) pôde ver, ouvir e apreciar aquilo que cada um dos participantes quis levar até à Glória, sem perder qualquer pormenor do evento.

A programação iniciou-se pela tarde, com um breve cortejo pelas ruas, em que se verificou (o que sempre acontece) uma grande interação entre os grupos participantes e o público assistente, que pergunta a fulana “que objeto é esse?”, “que casaquinho traz vestido?” ou então pede uma modinha cantada naquele momento. Criou-se, desde logo, um clima de animosidade e de interesse que se pôde constatar à noite, ao longo das atuações de cada um.

Fator de grande interesse do cortejo são as novidades, no âmbito do trajar e dos seus pormenores, com que este grupo presenteia todos os anos o seu público que se delicia com novos conhecimentos que vêm à baila.

Após uma lauta refeição ao ar livre, a programação continuou em palco com uma troca de lembranças, tendo o grupo anfitrião preparado (para além de publicações e outros documentos de interesse) duas peças do seu artesanato local: uma miniatura do trapeço de cortiça (que servia de assento, antigamente) e uma bolsa. Estas peças foram confecionadas pelos próprios elementos do grupo (os mais velhos) que ainda hoje as fazem com todo o primor. Estiveram presentes, também, nesta cerimónia, o presidente da Câmara Municipal, o presidente da União de Freguesias e o representante da Federação do Folclore Português, Dr. Daniel Café.

Todos os anos, o grupo anfitrião trabalha um tema anual, do qual vai dando mostras ao longo do ano, aproveitando o festival para reforçar essa temática. Este ano, o tema de trabalho tem sido “Histórias de Vida”, (investimento que o grupo tem feito para memória futura) e do qual mostrou, como introito, um pequeno flash de 8 minutos que deliciou todos os que amam a causa do património imaterial. Seguiu-se, de imediato, a atuação do organizador que, entre os temas executados (dois deles, recolhidos já este ano), foi dando pequenas notas dessa pesquisa, ora narrando, ora fazendo ouvir a voz dos próprios informantes.

Este foi o ponto de partida para que cada um, na sua vez, fizesse da sua matéria o melhor possível. E foi, de facto, o que aconteceu. As participações do Rancho Típico da Amorosa, Rancho Folclórico de Gouxaria, Rancho Folclórico de Moncarapacho, Rancho Típico “O Cancioneiro de Águeda” e Rancho Folclórico do Bairro – Grainho e Fontainhas sabiam ao que vinham e outra coisa não fizeram do que abrilhantar esta noite com “as coisas do povo” tão dignamente representadas.

As 60 velas acesas no cenário, ao longo de uma boa parte da noite, rematavam a ambiência festiva que se pretendeu criar, em que (como foi dito na apresentação) cada grupo participante constituiu-se como uma fatia do bolo que foi oferecida a todos os que a quiseram saborear.