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Associação Rancho Folclórico

Casa do Povo

Glória do Ribatejo

Tendo feito uma primeira apresentação, em 1956, na Feira do Ribatejo, em Santarém, nasceria pela mão de Celestino Graça, o Rancho Folclórico da Glória, cuja dinâmica ainda se aproximava bastante das vivências contemporâneas da comunidade de então.

Dessa origem espontânea até à sua constituição formal, foi um pequeno passo, tendo vindo a ser integrado na Casa do Povo, em 1962, e adotado, a partir daí, a nomenclatura por que hoje é conhecido. Por ele têm passado muitos glorianos de todas as idades, os quais, julgamos que recordarão momentos marcantes, vividos neste coletivo. Nessa medida, o movimento gerado por este grupo de folclore tem sido recíproco, pois, se por um lado, a sua dinâmica exige dedicação, esforço e compromisso, por outro, aquilo que cada pessoa recebe das experiências vividas não tem preço. Este contributo social e pedagógico constitui-se como a maior recompensa de que cada elemento pode usufruir, concorrendo assim para a formação cívica e moral do indivíduo.

Para esses fins, têm contribuído também as digressões que o grupo tem realizado por todo o país e estrangeiro, nomeadamente, à Suíça – 1981; Itália – 1985; Alemanha – 1987; França – 1989; Dinamarca – 2000; Madeira – 2000; Espanha – 2001; Açores – 2001, 2004, 2007, 2010; Lituânia – 2009; Itália – 2010; Polónia- 2014 e Bélgica – 2016.

 Nos primeiros tempos da sua existência, o grupo constituiu, para muitas gerações, a possibilidade de sair e conhecer outras pessoas, outras realidades. Numa atitude de constante adaptação à comunidade em que está inserido, foi alcançando novos horizontes, desbravando percursos, novos interesses e dinâmicas. Esse caráter inconformista, ativo e interventivo tem proporcionado um conhecimento mais profundo da sua história local, ao mesmo tempo que tem disseminado sementes produtivas.

A riqueza cultural da Glória e, por consequência, o trabalho desenvolvido por esta associação (fruto de um plano previamente definido todos os anos) têm feito eco em muitos estudiosos de diversas universidades, interessados, sociólogos, antropólogos, musicólogos, pintores e escritores, programas de rádio e televisão, para o que a colaboração dos elementos mais preparados tem sido relevante.

 Em 2002, o grupo entrou numa nova fase – a de se constituir como associação de caráter cultural e humanitário, sem fins lucrativos, alargando, assim, a sua área de intervenção, tendo-lhe sido conferido o estatuto de agente privilegiado na gestão e recuperação da Casa do Povo. Neste contexto, salienta-se a criação (além dos já existentes) de espaços dedicados ao serviço público, a saber: Centro de Documentação e Estudos Etnográficos, Biblioteca e Mediateca. Os dois últimos são resultado de parcerias com a Junta de Freguesia e Câmara Municipal. Em consequência, procedeu-se à adaptação física do edifício, o qual tem merecido continuamente obras de melhoramento e embelezamento, tendo vindo a proporcionar, dessa forma, condições para a realização de programas de ordem vária (teatro, cinema, apresentações, terapia da fala, escola de música, colóquios, receções, encontros políticos, religiosos, programas etnográficos, gastronómicos, sociais), promovidos pela própria associação, autarquia, outras associações, comissões e população, em geral. Deve registar-se que, apesar das parcerias e protocolos, a associação tem tido a capacidade de captar os meios e recursos necessários, quer através do envolvimento direto dos sócios nos trabalhos, quer na dinamização de atividades diversas, com vista à obtenção de verbas.

O Centro de Documentação e Estudos Etnográficos é dirigido à população, de um modo geral, e à comunidade estudantil, enquadrando-se numa perspetiva de ligação da associação à escola e à comunidade local. Por outro lado, a sua existência surgiu, também, da necessidade sentida no seio desta associação de concentrar, num espaço digno, um conjunto de documentação e estudos que têm sido efetuados, ao longo dos anos, dando-se continuidade à pesquisa que, na Glória, continua a fazer sentido, já que as particularidades culturais da comunidade ainda são vivenciadas ou recordadas com veemência. Uma outra vertente da sua atividade passa pelo registo fílmico e fotográfico das pesquisas efetuadas, realização de exposições temáticas, participação em colóquios e palestras, etc., justificando-se, desse modo, a dinamização deste espaço, inaugurado em 2009. Do trabalho de pesquisa efetuado, destacam-se as publicações de Glória – Cem Anos a Preto e Branco, em 2011;  Glória – A Minha Terra, em 2013, e Glória – Os Cingeleiros, em 2014, estando previstas outras, subordinadas às temáticas em estudo.

A escola de música e a escola de folclore constituem uma outra área de intervenção desta associação, cujos objetivos se prendem uma vez mais com o estabelecimento de elos de ligação à comunidade e à escola, ao mesmo tempo que se assegura a continuidade.

Em resultado de uma caminhada bastante amadurecida em que todos os elementos se têm envolvido, a atividade deste agrupamento tem-se espraiado em vários sentidos, levando à prática, todos os anos, um extenso e variado plano de atividades.

Assim sendo, este percurso tem permitido a valorização da associação, na medida em que a sua performance ultrapassa, em muito, o canto, a dança e o traje, promovendo a recriação de ambiências e vivências, como o casamento, o trabalho, a tradição oral, a praça, a taberna, a gastronomia, a festa, a infância, o lazer, a religião, o sentimento, o luto, o traje, etc. O seu espetro de intervenção restringe-se à sua freguesia, representando, dessa forma, a charneca ribatejana e, em particular, as singularidades da cultura gloriana. Como forma de salvaguardar grande parte do seu património imaterial associado às artes do pormenor, tem vindo, ultimamente, a proceder à recuperação e reconstituição de peças artesanais de valor inestimável. Consciente da necessidade de preservar esse património, bem como muitas outras peças ligadas ao traje e outros artefactos, está, neste momento, a estudar a viabilidade do Museu do Traje e das Artes do Pormenor em Glória do Ribatejo.

É membro efetivo de várias instituições de defesa e promoção do património cultural, designadamente, da Federação do Folclore Português, Inatel, Homo Taganus e Aldeias Históricas de Portugal.

Esta atitude constante de entrega e defesa da causa pública tem sido reconhecida em diversas ocasiões, de que se destacam a atribuição da Medalha de Mérito Municipal – grau de prata, em 1997, e o Estatuto de Instituição de Utilidade Pública, publicado no Diário da República, em 1 de março de 2011.

No momento da sua constituição enquanto associação (2002) a mesma passou a integrar a vertente humanitária, a qual já existia na freguesia. Contudo, com a queda legal da instituição Casa do Povo, a então direção caiu num vazio legal que, embora assim tivesse permanecido durante sete anos, não pôde continuar por mais tempo, dando azo, então, a que, por estabelecimento de protocolo com a Junta de Freguesia, esse serviço passasse para a gestão desta associação. Esta componente carateriza-se pela existência de um serviço de transporte de doentes, o qual requer da parte da direção um grande esforço e dedicação, na medida em que envolve a gestão de três veículos (adquiridos pela associação), quatro funcionários remunerados e vários voluntários, bem como um leque de serviços diversificado. De salientar que este serviço público se justifica, sobremaneira, no seio desta comunidade, tendo em conta as necessidades de um vasto número de idosos com limitações de vária ordem e de uma faixa alargada de população desempregada ou com parcos recursos económicos.

Setembro / 2016

Rita Cachulo Pote - Direção da ARFCP

Historial - Apresentação

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